segunda-feira, 29 de setembro de 2008

REVITALIZAÇÃO DO CENTRO ANTIGO DE MANAUS

Caro Sr. José Martins Rocha: Me chamo Roger Carpinteiro Péres e sou filho do Senador Jefferson Péres. Assim como meu pai, adoro nossa cidade e sempre me interesso pelas coisas que envolvem nosso patrimônio histórico edificado. Vi no seu Blog que um senhor de Portugal procurava por informações de antepassados seus na Rua Henrique Antony. Ao ler sua resposta, notei que o senhor mencionou o projeto de reconstrução do sobrado do antigo Bar do Quintino. Bem, como trabalho na Prefeitura, especificamente no projeto de restauração da Praça da Matriz, no qual a construção dos dois Shoppings populares estão inseridos, com o objetivo de abrigar os camelôs que encontram-se ao redor da praça, sinto-me na obrigação de deixá-lo a par de nosso esforço hercúleo na revitalização do nosso Centro histórico e na captação de recursos e informaçõe necessárias para este fim. O Programa Corredor Cultural , coordenado pela Professora Etelvina Garcia, tem como objetico principal a revitalização de algumas áreas degradadas no Centro Histórico, especialmente aquela em torno da Praça da Matriz. A escolha dos dois prédios localizados na Avenida Sete de Setembro e Rua Henrique Antony ( além do Bar do Quintino, o prédio ao lado que pertenceu à família J. G. Araújo), deu-se em virtude da localização geográfica dos dois terrenos pelo fato de estarem muito próximos da área em que atualmente os camelôs atuam. O prédio da família J.G. Araújo está sendo primorosamente recuperado e adaptado para esta finalidade. A melhor notícia que posso lhe dar neste momento é que o sobrado do Quintino será RECONSTITUÍDO tal e qual era no passado. Até mesmo amostras de azulejos originais serão reproduzidos no Rio de Janeiro a fim de voltarem a embelezar nossa cidade, tão agredida. Em sua resposta ao Senhor Bernardo Madeira, percebi seu lamento ao visitar a área e verificar que nada mais restava dos antigos prédios mostrados nas imagens. Posso lhe adiantar que estas áreas hoje encontram-se em processo de desapropriação pela Prefeitura a fim de abrigar novos pólos de comércio popular. Contudo quero lhe tranquilizar e dar a boa notícia que o Corredor Cultural tem como meta e objetivo preservar a nossa memória e não afrontá-la. Foi muito grande o esforço no sentido de procurar registros iconográficos do velho Quintino para trazê-lo de volta com toda sua beleza. Assim sendo, as fotografias destes prédios serão preciosas para a reconstituição dos mesmos futuramente. Até porque não se trata de nenhum favor a cidade. É LEI! Temos portanto a obrigação de devolver a Manaus estas preciosidades que já se foram. Gostaria de terminar este email chamando sua atenção para a obra em andamento no nosso Cemitério São João Baptista, levada a cabo pelo nosso grupo Corredor Cultural, motivada pelo último pedido de meu pai ao Prefeito, quando esteve lá para mostrar a ele o estado de degradação em que se encontravam os lindos pórticos e gradis importados da Escócia em 1906. Sendo assim, após sua morte, o Prefeito gentilmente concedeu a minha mãe, Marlídice Péres, a tarefa de gerenciar extra - oficialmente a obra. Devo lhe dizer que esta ficará pronta até o dia 02 de novembro, com o gradil inteiramente restaurado, cuidadosamente pintado com novas cores que o valorizarão e sua linda cúpula de berço novamente adornada por vidros coloridos importados da Europa,; além dos novos postes, em ferro fundido, compatíveis com o estilo e a época da construção do cemitério, a serem instalados ( provavelmente em finais de novembro ) nas alamedas principais do Campo Santo. Sem mais para o momento, despeço-me e colocando-me à sua disposição para quaisquer esclarecimentos ou simplesmente se quiser conversar sobre nosso assunto em comum: Manaus antiga.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

PONTE BENJAMIN CONSTANT (PONTE DE FERRO)

Posted by Picasa
Fiz duras críticas ao governo do Estado, com relação ao PROSAMIM - retiradas das residências que ficavam dentro dos igarapés, urbanização (aterro dos igarapés), construção de novas moradias, etc. A Ponte de Ferro foi aterrada, irei publicar algumas fotos amanhã. De qualquer forma, a reinauguração será hoje à noite, espero não ter que morder a minha língua.
Eis a programação governamental para a inauguração da ponte.
O cantor Fagner vai animar, juntamente com o grupo embalassamba, na quinta-feira, 25 de setembro, a partir das 19 horas, a festa de entrega da Ponte Benjamin Constant – totalmente recuperada – e da inauguração da primeira etapa do Largo Mestre Chico, construído no trecho situado abaixo da ponte de ferro da 7 de Setembro, dentro do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim).
A recuperação estrutural e restauração da centenária ponte de ferro fazem parte da revitalização dos espaços próximos aos igarapés de Manaus e Bittencout e está inserida no contexto do Largo do Igarapé Mestre Chico, área de lazer que está sendo implantada na foz do igarapé, entre as ruas Ramos Ferreira, 7 de Setembro e Av. Beira Rio.
A ponte foi restaurada mantendo todas as características do projeto original com reforço estrutural que permitirá o trânsito de veículos leves e pesados. O investimento realizado na recuperação da Ponte Benjamim Constant chegou a R$ 11. 273.008,00.
Com a revitalização do igarapé Mestre Chico os moradores do entorno e da cidade ganharam uma nova área com novos equipamentos urbanos e paisagísticos. A área também contará com espaços para a venda de artesanato, comidas típicas e bancas de revistas.
A área da recuperação do igarapé têm ainda duas pontes que estão sendo trabalhadas pelo Prosamim para facilitar o trânsito e melhorar a urbanização naquele trecho da zona Sul.
Nas cabeceiras da Ponte Juscelino Kubitschek, que liga os bairros Cachoeirinha e Educandos, estão sendo construídas duas passagens inferiores, com alças viárias que farão a ligação para os bairros adjacentes.
Já na ponte da Maués o Prosamim fará duas intercessões em desnível. A ponte ficará mais alta e ganhará duas alças de retorno e de entrada para os bairros adjacentes. Com o trabalho de melhoria de vias públicas a principal avenida da área, a Beira Rio, ganhará continuação de pista, passando por baixo da ponte da Maués. Equipamentos urbanos e paisagísticos do Largo do Mestre Chico
1ª etapa
O Largo do Mestre Chico tem 57 mil metros no total e vai da Avenida Beira Rio até a rua Ipixuna, Centro.
O Largo vai ser inaugurado em duas etapas. A primeira, com 28 mil metros de urbanização e área verde terá iluminação, mirante, ciclovia de 460 metros, pistas de caminhada com 900 metros, estacionamento para aproximadamente 40 veículos, parquinho, quadra poliesportiva, campo de futebol, aparelhos de ginástica, quadra de areia, seis quiosques para vendas variadas, bar, lanchonete, quatro banheiros públicos, coreto na praça, passarela, quiosque administrativo, duas guaritas, lixeiras e telefone publico.
A segunda etapa contará com quadra de futebol de grama sintética, quadras poliesportivas e de areia, playground, área de ginástica e os mesmos equipamentos, com exceção do coreto.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

PRÉDIOS ANTIGOS DA RUA HENRIQUE ANTONY





As fotos acima, foram enviadas pelo Sr. Bernardo Portal Madeira, de Porto, Portugal. O Local é a Rua Henrique Antony, não confudir com a Rua Luiz Antony. Estive no local ontem, foi uma lástima, não encontrei nenhum prédio em pé, todos estão destuídos! No local, encontra-se uma placa da Prefeitura Municipal de Manaus, monstrando aos manauaras que aquele local será recuperado e revitalizado, iniciando pelo Bar do Quintino, terminando com a construção do Shopping Popular, para abrigar os camelôs que ficam no entorno da Igreja da Matriz. Não tirei uma foto do local, por pura vergonha! Fiquei muitíssimo triste pelo o que fizeram com a nossa memória. Espero que o Sr. Bernardo Madeira entenda o que aconteceu com o nosso Estado após a decadência da borracha, quando a nossa cidade ficou abandonada, muitos faliram; uma gande parte resolver partir para destruição do nosso patrimônio histórico. Somente no final do século passado, surgiu uma luz no final do túnel, com projetos de revitalização do centro histórico.
Abaixo, a correspondência, via e-mail com o Sr. Bernardo Madeira:
Bernardo Portal Madeira
Porto
Portugal

Exmº Sr.

Os meus cumprimentos

Dei com o seu Blog, e vendo o seu interesse em alguma história e Manaus gostaria de lhe perguntar duas coisas, visto eu estar em busca de pistas de um antepassado meu que andou pela Vossa terra.
Conhece a Rua "Henrique Antony" ?.
Nessa Rua o meu antepassado "Justino Portal" ou "Justino Francisco Portal" tinha vários prédios, um dos quais o da padaria Américas? Bijou?
Alguma vez estes nomes lhe apareceram?
Antecipadamente grato pela sua atenção

Bem haja
Bernardo Portal Madeira
Bom dia Sr. Bernardo Portal Madeira! Os dados sobre o Sr. Justino Portal Madeira, estão disponíveis na Wikipedia, acesso aberto a todos, informações que o senhor dispõe; tomei a decisão de publicá-los no nosso humilde blog. Peço desculpas pela forma de escrever na língua portuguesa praticada no Brasil, decorrente da nossa formação multicultural (européia, afro-descendentes e indígena), muito diferente da língua de Camões; de qualquer forma, estou muito feliz em fazer este intercâmbio com vossa senhoria (não sei o termo correto utilizado em Portugal), no Brasil, usamos senhor ou você nas correspondências informais. Ficarei muito grato em receber as fotos da Padaria na Rua Henrique Antony, com sua permissão, publicarei no nosso espaço da rede mundial de computadores (internet). Afinal, o nosso blog tem uma proposta de publicar fotos , documentáros sobre a Amazônia, principalmente sobre a nossa Manaus antiga "belle époque" e também contemporânea, bem como, informações sobre as pessaos que aqui viveram e/ou vivem trabalhando em prol do nosso desenvolvimento cultural, social e econômico.
Um abraço do tamanho da Amazônia!
José Martins Rocha

sábado, 20 de setembro de 2008

LARGO DE SÃO SEBASTIÃO





O meu passado, presente e o futuro no Largo de São Sebastião.

Fiz parte da juventude franciscana - reunião de jovens católicos, na década de setenta; admiradores dos frades capuchinhos e da sua missão evangelizadora, principalmente do Frei Fulgêncio.

A JUFRAMA – Juventude Franciscana do Estado do Amazonas – foi um movimento de juvenis católicos e idealistas; reuniam-se aos sábados no Auditório da Divina Providência, na esquina das ruas Ramos Ferreira e Tapajós.

Nas nossas reuniões semanais, sempre sobressaíam uma pequena parcela escolhidas por Deus!. Faziam parte dessa plêiade, apesar da tenra idade, jovens poetas, músicos, instrumentalistas, idealistas, atores, matemáticos, historiadores, devotos; enfim, pessoas com os pés no chão e com os olhos no futuro e, acima de tudo, com Deus no coração e fé na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária! Utópicos, talvez!

Participávamos de todos os eventos que aconteciam na nossa Igreja e em seu entorno: tocar, rezar, cantar, organizar as quermesses, barracas, bingos, etc. Tudo estava voltado para integração dos jovens e dos ideais franciscanos: Segundo a Wikepedia “São Francisco é respeitado por várias religiões pela sua mensagem de
paz. Ficou famosa uma oração atribuída a ele que começa com os dizeres "Senhor, fazei-me instrumento de Vossa paz...". Embora não haja certeza de sua autoria, ela reflete mais que qualquer outra, os ensinamentos e a vida desse grande homem, reconhecido como santo no mundo todo e adotado como patrono da ecologia e da paz. O Santo de Assis aceitou os percalços e as vicissitudes da vida terrena, numa demonstração de coragem e de fé inabalável, sempre aceitou tudo se colocando dentro da virtude da humildade, e de todas as graças dadas pelo Espírito Santo, nenhuma é mais preciosa do que a da renúncia. O maior dom de Deus é o da vitória sobre o amor próprio. É feliz todo aquele que suporta todos os sofrimentos por amor a Deus. Em toda sua vida religiosa espalhou o amor universal, a caridade, a paz e a humildade, levando felicidade a muitas almas, quantas vezes no fim da sua vida, doente estigmatizado e quase cego visitava cidades e aldeias pregando as verdades evangélicas, atendia os pobres, os leprosos e necessitados, com seu coração cheio de santas consolações pedindo a paz, jamais dando por terminada sua missão terrena e desejando ainda servir a Deus.”

O tempo passa, o tempo voa; mas permanecem vivos os ensinamentos e as experiências adquiridas na fase feliz no Largo de São Sebastião! No ano passado, foi realizado uma missa e um grande encontro desses jovens cinqüentões; foi inesquecível!

Parte do grupo foi para outras plagas, construíram famílias; outros esqueceram os ideais de São Francisco; alguns são políticos, empresários, funcionários públicos, militares, advogados, juízes, comerciários, músicos e etc cetera e tal! Cada um pegou o seu beco!

Continuo na área, se derrubar é pênalti! Freqüento as missas aos domingos na Igreja de São Sebastião; tomo umas geladas no Bar do Armando; vou esporadicamente ao Teatro Amazonas; detono aquele Tacacá na Barraca da Gisele; não libero um Kikão, no African House; tomo um suco de graviola, acompanhado com Frango a Passarinho, na Casa do Pensador; assisto ao Carrossel da Saudade e aos eventos promovidos pela Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas.

O futuro somente a Deus pertençe! No entanto, imagino indo todos os dias a missa, na Igreja de São Sebastião; comendo pipoca com os meus netos, na Praça; assistindo a um filme preto e branco, no Largo e, fazendo uma lenta caminhada ao redor do Teatro Amazonas.

Tanto o pretérito, quanto o presente e o futuro, em qualquer tempo, são importantes na minha vida, no Largo de São Sebastião.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

CENTRO



Inúmeros monumentos contam a história da cidade de Manaus

Logradouros históricos

A área denominada de Centro Antigo da cidade foi tombada em 1990 pela Lei Orgânica do Município, por meio do Artigo 342, que a identificada como sítio histórico e representa atualmente 10% de toda área sob proteção legal, possuindo monumentos históricos tombados por leis federal e estadual. Sua história tem uma relação direta com o Porto de Manaus desde seus momentos mais importantes dos séculos XVIII e XIX e as primeiras décadas do século XX no papel de exportador da economia extrativista da borracha. O ponto inicial do Centro começa no igarapé do Educandos com frente para o Rio Negro até a frente da Ilha de São Vicente. Largo da Trincheira (Praça IX de Novembro) Referência histórica para reflexões arqueológicas sobre a possível existência de civilizações paleo-ameríndias. A praça chamada de IX de Novembro tem sua referência icnográfica marcada no piso, tendo como monumento dedicado aos Manáos, grupo hegemônico dessa área. O Centro da cidade está associado aos pólos turísticos do mercado Adolpho Lisboa e seu entorno urbanístico, o Paço da Liberdade ou praça Dom Pedro II e o Porto Flutuante. Esses três atrativos são os marcos urbanos dessa área que abrange até a ilha de São Vicente. Segundo dados documentais dos arquivos do Iphan, o Centro, em primeiro lugar é uma área caracterizada pelo centro comercial. Em segundo pelo centro de lazer e cultura e o terceiro atrativo une os dois pólos, gerando empregos direto e indireto, recursos e auto-sustentabilidade. Praças que contam história da cidade Escrever historicamente sobre a origem das praças de Manaus não é uma tarefa fácil. Muitos detalhes sobre elas estão nas mãos de particulares ou se perderam nos arquivos das bibliotecas ou se perderam no tempo. O Jornal do Commercio numa iniciativa peculiar revisita a história dos primórdios da cidade de Manaus através de suas praças como forma de resgatar a identidade dos manauenses. Essas mesmas praças que tanto serviram e servem ainda de palco para as manifestações políticas e sociais, são espaços também para encontros românticos de casais de enamorados, reuniões de intelectuais, além de seus bancos servirem de repouso para os desabrigados. Nesta primeira etapa o JC lista as principais praças que fazem à história da criação do Centro da cidade. Luiz de Miranda Correa, no livro "Roteiro Histórico e Sentimental da Cidade do Rio Negro", desde o governo de Eduardo Ribeiro que houve uma preocupação voltada para a construção de praças e jardins como forma de embelezar a cidade. O curioso é observar que as praças principalmente do centro guardam os traços arquitetônico inglês e os jardins à francesa. Praça do Congresso (Antônio Bittencourt) No final da avenida Eduardo Ribeiro, nas imediações das ruas Monsenhor Coutinho e Ramos Ferreira, está localizada a Praça Antônio Bittencourt, ou melhor Praça do Congresso, um dos mais populares logradouros públicos do Centro, ora por sua localização, ora pela sua importância histórica no contexto político e social. O que se sabe é que a praça foi projetada ainda no período áureo da borracha adotando o nome de Congresso, a partir da realização do 1º Congresso Eucarístico da Igreja Católica realizado no ano de 1942, ocasião em que foi erguido o monumento à Nossa Senhora da Conceição. Ali começou a construção do palácio do governo, atualmente funcionando o Instituto de Educação do Amazonas. O prédio que funcionava o Centro de Saúde da cidade, hoje abriga as instalações para a agência dos Correios. Da mesma forma que tomou lugar do palacete Miranda Correa, o edifício Maximino Correa. O nome oficial de Antônio Bittencourt, segundo dados históricos em poder da Manaustur, data de 21 de agosto de 1908. Praça XV de Novembro ja foi denominada de Largo da Trincheira: o começo foi aqui Prédio da Alfândega (em primeiro plano) e Igreja da matriz (ao fundo): monumentais Praça da Matriz: incluída na parte histórica da cidade: portão de entrada para viajantes Paço da Liberdade O Paço da Liberdade (antigo prédio da prefeitura) foi construído em 1876 para ser sede do poder público municipal. Abrigou a sede do governo até 1879 e do governo republicano, até 17 de abril de 1917, quando passou a ser sede do governo municipal. Prédio em estilo neoclássico composto de linhas sóbrias de proporções clássicas com uma arquitetura tropicalista. Atualmente se encontra em fase de restauração. O prédio após sua reforma abrigará o Centro de Memória da Cidade, além de ser palco para atividades culturais como shows e realizações de oficinas. O espaço, de acordo com o projeto da Prefeitura Municipal vai oferecer também serviços de restaurante e agência bancária. À frente do Paço da Liberdade, com as recentes descobertas de urnas funerárias indígenas, segundo pesquisas iconográficas, datadas de aproximadamente mil e trezentos anos, a praça D. Pedro II é a memória viva dos ancestrais amazônidas. O monumento chama atenção para o coreto, o chafariz, o piso e a vegetação. A praça foi testemunha dos principais momentos da história da cidade desde o período pré-colonial passando pelo Império, República e a criação da Zona Franca de Manaus, além de servir de memória para o resgate da identidade indígena amazônica. Ilha de São Vicente O conjunto paisagístico mais importante da área é composto pelo antigo hospital militar, erguido em 1852, no início da província, e tombado pelo governo federal pelo decreto lei nº 45 de 30.11.1937. Nesta área estão localizadas as ruas Bernardo Ramos, antiga rua São Vicente, que abriga a mais antiga residência do período provincial. Em estilo colonial brasileiro, foi construída entre 1819 e 1820, servindo de residência para o vereador da província José Casemiro do Prado (português que construiu o primeiro teatro na cidade, todo em madeira, onde funciona o prédio da Capitania dos Portos). Rua Frei José dos Inocentes, Antiga rua da Independência, sua maior referência histórica são as partes das casas originais, em sua maioria. Casas térreas, construídas em alvenaria. Seu mais antigo morador. Rua Governador Vitório, antiga rua do Pelourinho, os atrativos da rua são os dois prédios mais importantes da história do Centro. Os dois em estilos ecléticos europeus é o Hotel Cassina e o segundo é o prédio da Manaus Harbour definindo a paisagem da praça D. Pedro II. O Hotel Cassina foi construído em 1899, recebendo o nome de seu proprietário, o italiano Andréa Cassina. Teve seus dias de glória no período áureo da borracha, transformado em seguida em pensão e, na decadência, em cabaré pé de chinelo, atualmente é conhecido apenas por "Cabaré Chinelo". Praça da Saudade Batizada pelo povo de Saudade, a Praça 5 de Setembro data do início do século passado. Construída na quadra formada pelas ruas Ferreira Pena, Ramos Ferreira, Simão Bolívar e avenida Epaminondas, em plena área central da cidade. Conforme a Carta Cadastral da cidade, a área ocupada pela praça era bem mais ampla, à época do governo Eduardo Ribeiro, desde o antigo cemitério velho chamado de São José (nome também do primeiro bairro de Manaus) - localizado onde atualmente é a sede do Atlético Rio Negro Clube até o Instituto de Educação do Amazonas (local onde seria construído o palácio do governo). Um dado curioso da praça na época do governo provincial do Presidente Francisco José Furtado em 1858, o cemitério foi cercado, a praça não passava de um largo com pouca arborização. Então em 1865, foi proposta pela Câmara Municipal a construção da praça e a proposta de se oficializar o nome de Praça da Saudade. Não existe nenhum documento que comprove se foi ou não aprovado o nome. O que se sabe é que o povo acabou consagrando o lugar com o nome de Saudade.Outro fato ligado à praça diz respeito à construção do monumento em homenagem a Tenreiro Aranha. A construção do monumento foi uma proposta do vereador Silvério Nery, em 11 de maio de 1883, na época o presidente da Província era José Lustosa da Cunha Paranaguá. Segundo documentos da Manaustur, a Praça da Saudade veio somente a adquirir corpo e forma em 1932, na gestão de Emmanuel Morais com a construção de jardins. O cemitério nesta época já havia sido fechado. Após a demolição, os restos mortais que haviam no local foram transferidos para o São João Batista. O projeto para a nova obra era a construção do horto municipal com exemplares de todas as palmeiras do vale amazônico. O nome de Largo ou Praça da Saudade foi batizado pelo povo talvez por está localizada bem em frente ao cemitério de São José, que também emprestava nome ao bairro. A praça foi aberta em 1865, bem depois da construção do cemitério. De acordo com pesquisas do historiador Mário Ypiranga, o nome da praça pode ter sido também devido a presença de um espanhol de sobrenome Saudade ou de um negro que viveu por volta de 1837, morador da área vizinha à praça, de nome José Pedro Saudade. O negro devia ser um escravo de forro, devido aos bens que possuía. O nome oficial de Praça 5 de Setembro, portanto é em homenagem a data da elevação do Amazonas à categoria de Província e uma homenagem a Tenreiro Aranha que tanto lutou pela emancipação do Grão-Pará. Portanto, o nome oficial nunca se tornou popular. O certo é que mesmo o nome oficial estar inscrito na placa da estátua de Tenreiro Aranha, o manauense a conhece apenas por Praça da Saudade. Delimitação do Centro O Centro de Manaus começa no igarapé dos Educandos com o Rio Negro até o igarapé de São Vicente passando pela rua José Clemente até a Luiz Antony ao igarapé da Castelhana indo até a avenida Constantino Nery, avenida Álvaro Maia até a rua Major Gabriel passando pela rua Ramos Ferreira até o igarape'do Mestre Chico e retornando ao igarapé dos Educandos e Rio Negro.
Fonte: Jornal do Commercio, edição de 24/10/2006.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

BAIRRO DA CHAPADA



Nordestinos formaram bairro

A comunidade da Chapada tem suas origens devido a uma grande seca que ocorreu no Nordeste, mais precisamente no Ceará, no ano de 1958. Dezenas de famílias morreram assoladas pela fome e sede e muitas outras decidiram tentar um futuro melhor, embarcando para Manaus com o apoio do governo do Amazonas, na administração de Plínio Ramos Coelho. Segundo relata o presidente da comunidade, Ney Monteiro, os nordestinos vieram com a promessa de trabalharem na retirada do látex e se instalaram inicialmente em uma hospedaria, construída pelo governo nos arredores da antiga residência do ex-governador Eduardo Gonçalves Ribeiro. Os moradores batizaram o local de Hospedaria Pensador, em homenagem a Eduardo Ribeiro, conhecido também pela sua notável inteligência. A hospedaria era na maior parte do tempo ocupada pelas mulheres e crianças, pois os homens em idade de trabalhar deslocavam-se para os seringais distantes, no interior do Estado, e lá passavam até meses envolvidos na extração do látex. A região da Chapada não tinha estrutura na época e sua única referência continuava sendo a residência de Eduardo Ribeiro. Com o término do trabalho nos seringais, muitos nordestinos ficaram sem uma atividade remunerada para sobreviver. A solução encontrada por eles foi a confecção de materiais artesanais, como cestas, abanos e outros utensílios feitos a partir de palha de coqueiro. Os moradores vendiam esses produtos no mercado público de Manaus, garantindo uma renda mínima para seu sustento. Durante o início da década de sessenta, a comunidade recebeu o primeiro impulso de desenvolvimento com a instalação da Usina Londrina, processadora de castanhas, por volta de 1960. A indústria foi responsável pelos primeiros empregos na comunidade e contribuiu para o desenvolvimento da Chapada. Seus proprietários criaram também a primeira creche e escola do bairro, chamada Escola Londrina, graças ao empenho decisivo da moradora Francisca Pergentina, responsável por cuidar e educar os filhos dos moradores que estivessem trabalhando no processamento da castanha. Por volta de 1964 a Secretaria Municipal de Educação assume o controle de uma casa, localizada na rua Eduardo Ribeiro, que pertencia à família da moradora Amélia Frota de Menezes, e instala no local a primeira escola pública da Chapada, a Menino Jesus de Praga, com ensino fundamental de 1ª a 8ª séries. No final da década de sessenta a infra-estrutura ainda era escassa bairro da Chapada. Poucas famílias tinham energia elétrica em casa, conseguida com recursos próprios e instalações feitas a partir da rua Darcy Vargas. A água potável que abastecia os moradores era proveniente de um poço artesiano, perfurado numa região da antiga rua João Alfredo, onde hoje funciona a UEA (Universidade do Estado do Amazonas). “Muitas pessoas sobreviviam de transportar água para os moradores”, relembra o presidente do bairro, Ney Monteiro, 59 anos. Na mesma rua funcionava também, até por volta de 1968, uma estação de comunicação do Exército, no mesmo prédio onde hoje funciona o jornal Diário do Amazonas. O saneamento na Chapada começou por volta do ano de 1975, impulsionado com o alargamento e pavimentação da rua João Alfredo, que passou a se chamar avenida Djalma Batista, em grande parte graças ao empenho do então vereador e radialista José Maria Monteiro. A partir daí foram instaladas as primeiras torneiras públicas do bairro, localizadas nas esquinas das ruas Darcy Vargas com a Djalma Batista, conhecida entre os moradores como “rua Ceará”.ASegundo presidente do bairro, Ney Monteiro, a Chapada foi durante anos uma região de muitas belezas naturais,pois é cortada pelo igarapé do Franco, o balneário do Parque Dez,além do rio Mindu. “Uma diversão de todos os moradores era tomar banho de igarapé. O mais freqüentado pelos moradores daqui, até o final da década de setenta era o balneário do Parque Dez”, recorda. Outro ponto utilizado com freqüência pelos moradores boêmios da Chapada era o bordel Casa Verônica, localizado próximo à ponte dos Bilhares. Uma curiosidade do bairro da Chapada é que antes da chagada dos retirantes nordestinos vindos do Ceará, a região era utilizada como cemitério indígena. “Inclusive quando o meu vizinho foi construir a sua casa, nas escavações para o alicerce, ele encontrou pedaços de ossos, uma cruz e restos de materiais confeccionados por índios”, relata a moradora Ana Maria, que mora no beco Eduardo Ribeiro há dezesseis anos. Do início da década de oitenta até os dias de hoje o bairro da Chapada não viu muito desenvolvimento dentro de suas ruas, somente nas avenidas importantes que cercam seu perímetro, a Djalma Batista e
Constantino Nery.
Fonte: Jornal do Commercio, edição de 24/10/2006

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

FEIRA INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA - A PRESENÇA JAPONESA NA AMAZÔNIA



A economia e a cultura japonesa impulsionam desenvolvimento do Amazonas.
A presença japonesa no Amazonas não se restringe à contribuição para o desenvolvimento da sua economia. Alcança aspectos culturais e sociais. Essa é uma das principais conclusões do Seminário "Imigração Japonesa para a Amazônia: Raízes, Perspectivas e Vínculos com o Desenvolvimento Regional", durante a Feira Internacional da Amazônia (FIAM 2008), que acontece até o próximo dia 13, no Studio 5 Centro de Convenções, em Manaus.
"As empresas japonesas vêm também com o princípio de contribuir com o lado social", disse o secretário municipal extraordinário de Projetos Especiais de Manaus, Tsuyoshi Miyamoto.
Em relação à economia do Amazonas, Myamoto destacou a presença de 23 indústrias japonesas, associadas à Câmara de Indústria e Comércio Nipo-Brasileira do Amazonas, instaladas no Pólo Industrial de Manaus (PIM), além de outras 11, totalizando 34. "Apesar de representarem menos de 10% do total das indústrias instaladas em Manaus, têm uma participação de 30% na economia. Essa força é especialmente notada no setor de duas rodas. Somente a Honda fabrica cerca de seis mil motos por dia", ressaltou. No total, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) contabiliza aproximadamente 600 empresas no PIM.
Em contrapartida para a sociedade, o secretário destacou que, além da contribuição com impostos, a comunidade industrial japonesa participa de ações sociais e ambientais no Estado, como o convênio que mantém com a Prefeitura de Manaus para manutenção de programas de refeições a preços populares.A contribuição japonesa para a sociedade amazonense também foi enfatizada pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Alfredo Homma. "Os japoneses chegaram com grande peso na economia após a queda da borracha, mas não com um desenvolvimento egoísta, e sim ensinando as culturas à população do Estado", defendeu.
Dividindo em ciclos (primeiro a juta, em seguida a pimenta, depois a fruticultura até a indústria), a contribuição japonesa ultrapassou os aspectos econômicos, segundo Homma. "Com o sucesso da fruticultura, os hábitos alimentares amazonenses se modificaram, com a entrada de mais hortaliças. Isso também foi uma contribuição da comunidade japonesa", disse.
Com a expansão do setor agrícola no País, Homma acredita que os papéis se inverteram e que a colaboração bilateral nipo-brasileira deve seguir novos rumos. "Hoje o Japão não tem mais o que ensinar para o Brasil em questões agrícolas, então os japoneses devem investir em tecnologia e conhecimento. Será necessário nacionalizar os componentes do PIM e trabalhar na despoluição dos rios para manter sua contribuição ambiental. Temos que deixar de ser fornecedores de matéria-prima e agregar valor, trabalhar o produto dessa biodiversidade", disse. Homma sugeriu ainda que, pela disponibilidade de matéria-prima, é possível se desenvolver na região uma indústria.
Fonte: Suframa

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

JUSTINO FRANCISCO PORTAL - PADARIA BIJOU




Recebí hoje um e-mail do Sr. Bernardo Portal Madeira, de Porto/Portugal, comentando sobre o seu antepassado Justino Francisco Portal, proprietário da Padaria Bijou. Caso algum leitor tiver informações sobre este senhor e a sua padaria, favor enviar um e-mail. A foto acima é do Hospital Beneficente Portuguesa, recebeu ajuda significativa do Sr. Justino Portal.

O que dispomos está na Wikipédia, conforme abaixo:


Justino Francisco Portal
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para:
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Comerciante, industrial e capitalista nascido em 1835 em Cesar, Oliveira de Azeméis, Portugal.
De origem fidalga, encontra as suas raízes em
França na família "du Portal" parte dela refugiada no início do século XVIII em Oliveira de Azeméis aquando das perseguições religiosas de que foram alvo os protestantes calvinistas hugenot[1].
Aos 10 anos viajou para o Brasil juntando-se ao seu tio Manuel Francisco Portal radicado em
Manaus (Brasil)iniciando-se, com este no mundo dos negócios. Justino Portal ganhou grande fortuna na cidade da borracha com o comércio por grosso de produtos alimentares, fundou a Padaria Universal e Américas (Rua Henrique Antony) que durante muitos anos foi líder naquela cidade.
Em 1876 participou no "Protesto da Colónia residente em Manaus contra o Sr.
Monteiro Peixoto" (20 de Julho e 18976), movimento contra a decisão real de atribuir, por uma vida, o título de Barão de São Domingos, àquele político Brasileiro que, de forma polémica,dirigiu a "Província do Amazonas".
Regressou a
Portugal em 1890 com assinalável fortuna mantendo a gestão dos seus negócios à distância.
Durante a vida foi agraciado com um milagre. Em data incerta numa viagem na Europa, quando o navio em que seguia foi assolado por uma violenta tempestade e o comandante deu ordem para abandonar o navio Justino Portal invocou a intervenção da Nossa Senhora da Graça, prometendo que se conseguisse salvar os seus sobrinhos (que viajavam sob a sua protecção) construiria na sua terra natal uma grande capela em honra à mãe de Cristo.
Nos registos da época o relato das testemunhas refere que uma luz desceu sobre o barco e pouco tempo depois a tempestade serenou e a promessa cumpriu-se em 1908 com a construção de uma capela no monte da Senhora da Graça.
Justino Portal beneficiou ainda a sua aldeia natal com a oferta de um magnífico edifício destinado a escola primária (5 de Outubro) e que hoje é o Centro Cívico Justino Portal e também sede da Junta de Freguesia. Entre outros melhoramentos destaca-se o seu contributo financeiro e empenho pessoal no alargamento e pavimentação, em 1914, da estrada que liga o lugar da Portela e a Gândara (hoje EN327).
Justino Portal faleceu em 1927 no Hospital da Ordem do Carmo no Porto tendo deixado, entre outros, um vasto legado em Portugal e no Brasil à Misericórdia do Porto, ao Hospital de Oliveira de Azemeis e à Beneficente Portuguesa de Manaus.
Encontra-se, conforme sua vontade, sepultado em campa rasa em Cesar.

[editar] Fontes:
1 - Relatório de contas do alargamento da Estrada "desde a Pedra Má até à Gandara" - 1914.
2 - Testamento de Justino Portal (Portugal).
3 - Testamento de Justino Portal (Manaus).
4 - Arquivo de beneméritos da Misericórdia do Porto.
5 - Ilustração Portuguesa (1915) página 246.
Obtido em "
http://pt.wikipedia.org/wiki/Justino_Francisco_Portal"

BAIRRO DA COMPENSA

Nas terras da família Borel
O lugar que hoje está o bairro da Compensa era uma posse da família Borel, cuja área foi invadida na década de 60 por famílias removidas da Cidade Flutuante através de processo não pacífico. Com o acelerado processo de urbanização da cidade de Manaus, nos anos 60, o grande êxodo rural impulsionou a ocupação desordenada. Na expectativa do anunciado milagre econômico e sem casa, muitas famílias se fixaram na orla do Rio Negro, formando a Cidade Flutuante. Essas famílias foram retiradas da área a partir de 1964, pelo governador Arthur Cezar Ferreira Reis, que ofereceu terras na outra margem do rio para que morassem, mas essas pessoas vieram de longe para tentar “vida melhor” na capital e não aceitaram a proposição. O governo também entregou algumas casas, porém não abraçava nem 1/3 das pessoas. Elas então se dirigiram para as localidades mais próximas à orla do rio, como os bairros de Educandos, São Raimundo, Raiz,Petrópolis, mas principalmente para o terreno pertencente à família Borel. O bairro foi batizado primeiro como Vila de Sapé, porque as casinhas eram cobertas de palhas, depois passou a ser chamado de Cidade das Palhas,porque a ocupação já havia crescido bastante, e por último o
atual nome de Compensa, referência a uma antiga serraria que produzia lâminas de compensado.
Assim começa a surgir o complexo urbano desordenado que é a Compensa A história do bairro da Compensa se mistura com a história de Maria do Nascimento Galvão Borel, hoje com 93 anos,
mais conhecida por Viúva Borel, nascida na comunidade de Janauacá, a 150 km da capital,que chegou com 13 anos em Manaus e, aos 19, casou-se com o comerciante pernambucano Oscar Martinez Borel, com quem teve dez filhos. Oscar comprou o terreno nas proximidades do bombeamento de águas da cidade de uns alemães que saíram da cidade após a Segunda Guerra,onde o casal foi morou até em 1968, quando ele morreu e dona Maria ficou com os dez filhos,todos pequenos.O terreno media aproximadamente 240 metros de frente,contornando as margens do Rio Negro, por 1300 metros de fundo, com final onde hoje é a rua Prosperidade, local onde a Viúva Borel tem uma pequena casa, em um terreno com cerca de seis metros de frente, por trinta de fundos.Um ano após a morte de seu esposo, portanto em 1969, a viúva Borel viu o começo da invasão de suas terras e nada pôde fazer para conte-la. “Ou eu cuidava dos meus filhos ou cuidava da invasão”, diz a mulher que foi dona de toda a região onde hoje se estende o bairro. Ela afirma não ter recebido nenhuma indenização por parte do governador da época, Amazonino Mendes,referente à desapropriação de suas terras, inclusive da área que hoje é a Estação de Captação de Água Ponta do Ismael. O bairro da Compensa já teve uma de suas ruas, a Rua Natal,conhecida por ser a mais perigosa da cidade e hoje, com 38 anos de existência, tenta reverter o quadro desanimador de pobreza e miséria oriundo da época da invasão.Famílias obrigadas a sair da Cidade Flutuante iniciaram processo de invasão das terras nas margens do rio Negro e formaram a Compesa.

A Compensa abriga hoje o poder político do Amazonas, ao concentrar a sede Prefeitura Municipal
de Manaus e a do Governo do Estado, ambas transferidas do Centro da cidade para o bairro,que conta ainda com Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC), onde são oferecidos serviços dos correios, agência bancária, Detran e várias outras instituições. Não tem um lugar específico para o comércio, apesar de possuir no entroncamento da avenida Brasil e entrada na rua São Pedro um minishopping e a Feira Modelo da Compensa, sua área comercial está espalhada por todo o bairro. Em relação à oferta comercial, os moradores não têm o que reclamar, pois é possível encontrar na Compensa de açougue a consultório dentário. A avenida Brasil funciona como a principal artéria de comércio, onde são mais freqüentes lojas de materiais de construção, dentre outras, onde fica também o Conjunto Rio Xingu I e II. Na área da saúde, o bairro conta com o Centro de Atendimento e Integração da Criança (Caic) e com o Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste. Ao lado do prontosocorro, existe o Centro de Atendimento Integral à Melhor Idade(CAIMI). Do outro lado da avenida Brasil foi inaugurada a maternidade Moura Tapajós em 2005. Na mesma avenida, funciona o 8º Distrito Policial. No setor de lazer e entretenimento o bairro tem campos futebol, o Centro Desportivo da Compensa, casas de shows, centro social urbano Maria Fernandes, alem de várias escolas estaduais e municipais. Segundo Sebastião Souza Costa, morador do bairro há 30 anos e presidente da Associação dos Moradores Amigos da Compensa, dentre os principais problemas da região, a falta de uma política social que iniba a prostituição infantil, o tráfico de entorpecentes e uso indiscriminado de drogas,torna-se urgente, além do baixo nível de escolaridade, o que faz com que a comunidade não reivindique melhorias.Ele enfatiza que as escolas não têm conseguido mandar alunos para as universidades públicas, fato que o faz questionar o motivo. “Os professores ganham o mesmo valor em todas as zonas da cidade, então qual é o problema da Compensa?”, pergunta-se Sebastião,que ao longo desses 30 anos de convivência, considera que o bairro continua sendo o “berço” para interioranos. “As pessoas vêm para Manaus e se fixam na Compensa até melhorarem de vida, depois migram para os novos bairros que vão surgindo”, o que, para ele, atrapalha o desenvolvimento do bairro, pois essa rotatividade não forma um grande laço de união e a comunidade acaba perdendo força e representatividade.No campo da religiosidade, o bairro tem 13 igrejas católicas, ficando sob responsabilidade dos Jesuítas, que realizam trabalhos sociais nas pastorais, além de vários templos evangélicos: Deus é Amor,Batistas, Universal do Reino de Deus, Assembléia de Deus, entre outros.A compensa do século XXI ainda vive o estigma de violência, tráfico,criminalidade e, mesmo com as edificações importantes e o incremento comercial do bairro, a parte social deixa muito a desejar, pois ainda existem famílias vivendo em
condições desumanas nos rip raps,que são palafitas sob o igarapé poluído do Franco. O igarapé que corta a avenida Brasil já foi utilizado por lavadeiras nas décadas de 60 e 70 e serviu também para o lazer de moradores da Compensa e de outros bairros. Porém, hoje, o igarapé é um córrego poluído, mas recebe as obras do Prosamin, que está retirando as moradias construídas em seu leito e promete revitalizar este importante afluente do rio Negro Localização A Compensa está localizada na Zona Oeste da Cidade, em uma área de 1.293 hectares, fazendo fronteira com os bairros de santo Agostinho, Nova Esperança, São Jorge, Vila da Prata, Santo Antônio,São Raimundo e a orla do Rio Negro.Sede do poder político.
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

NAS RUAS DA MINHA INFÂNCIA - PAULO MONTE



ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO - 24 DE OUTUBRO DE 2006.

Deitado em minha rede e no vai e vem do seu balanço, começaram a surgir lembranças das ruas da minha cidade e de alguns cidadãos que o tempo fez questão de diluí-las na medida em que a cidade crescia e novas influências sofria. Fiquei feliz porque fiz renascer dentro de mim a imagem de figuras humanas que foram desaparecendo, uma após a outra, sem quase deixar registros de suas existências senão na memória de nossa infância. Se bem que essas pessoas nunca estiveram preocupadas com registros! Até porque sempre assumiram a plenitude do "eu" que escolheram e também não se preocuparam com as identidades que a população lhes impôs! Não posso e nem devo afirmar que eram felizes, ma uma coisa é certa, assumiram seus personagens e deixaram abertamente se desvelar pelas ruas de Manaus suas magníficas personalidades!
Nasci em 1954 e morei quase a vida inteira na rua Lauro Cavalcante, na parte dividida entre a Av. Getúlio Vargas e a Av. Joaquim Nabuco, muito próximo ao Colégio Estadual D. Pedro II, do Quartel da Polícia e da Praça Heliodoro Balbi. (mais conhecida como praça da Polícia). Acostumei, durante a infância, a ver e ouvir a banda musical da Polícia Militar tocar todas as manhãs em desfile com a tropa subindo e descendo a Av.Getúlio Vargas. Até aqui, nenhuma novidade. Entretanto, o que chamava a atenção não era o desfile dos militares carregando armas ao ombro ou as músicas marciais que a banda tocava. O que verdadeiramente animava o desfile era o Bombalá, cidadão que morava na Av. Joaquim Nabuco, ao lado da padaria Modelo, que pela manhã bem cedo ia para a Praça da Polícia esperar a banda sair do quartel e, quando ela se posicionava entre o Cine Guarani e o café do Pina, o Bombalá se colocava à frente e passava a reger a banda transbordando de felicidade! Ele era o maestro! Não tinha e não sobrava música para ninguém, só ele e somente ele é que reluzia no desfile. A medida que a banda subia a Av. Getúlio Vargas, aumentava seu entusiasmo na regência das músicas! Todos percebiam e ficavam perplexos com o entusiasmo do Bombalá, seu olhar fluía felicidade e na empolgação Bombalá babava e babva de pura felicidade!
A criançada gritava "lá vai o Bombalá"! "Pai, olha só o Bombalá", e os adultos respondiam para as crianças "ele é doido!", "ele é maluco" ou "ele é perturbado mental". Quanto mais aquela gente "sã" lhe qualificava com adjetivos perversos, lá ia ele, bem na frente da banda, gesticulando com as varas de regente nas mãos, desfrutando da felicidade que a música lhe proporcionava. Nunca revidou com insultos! Não agredia porque não era agressivo ou talvez a música lhe impedisse a agressividade. Não portava armas nem marchava atrás da banda. Com toda certeza, aquele não era o seu espaço!
Atrás da banda, todos marchavam com passos marciais pesados; ali, naquele lugar, atrás da banda, as pessoas tinham o semblante carregado, até porque carregar o peso do fuzil não causava satisfação a ninguém, ali as pessoas não eram felizes e nem faziam o que queriam! Ah! Bombalá, que bom era lhe ver todos os dias mostrando para todos e para a cidade que o lugar certo é na frente da banda e não na retaguarda ou até mesmo parado na rua para ver a banda passar! O desfile acabava onde começava, no quartel. Após o desfile, o Bombalá retornava para casa para retornar no dia seguinte.
Quando terminava o desfile outro cidadão entrava na cena da cidade! Afinal, a cidade crescia e o movimento de veículos com a cidade e a banda deixava o transito conturbado e lento a ida e vinda de veículos e carroças da cidade! E no cruzamento da Av. 7 de setembro com a Av. Getúlio Vargas, o Macaxeira entrava em ação para para por "ordem" no trânsito! Riscava um círculo no chão daquele cruzamento e com um apito na boca regia o trânsito!
Enfim, o Macaxeira ordenava a desordem e fazia da ordem a nova ordem! O que era mão se transformava em contramão e a contramão na mão da contravenção! E a mão da mão o contrário de tudo e da mão única e daí por diante...!!! Depois seguia para o cruzamento da Av. 7 de setembro com a Av. Eduardo Ribeiro marcando para dobrar à direita quando era para entrar à esquerda e assim por diante. Multava todos os carros, enfim, colocava a ordem na desordem e a desordem na ordem vigente!
Enquanto o Bombalá se ocupava da regência a Banda da Polícia Militar e o Macaxeira em ordenar o trânsito da cidade, mais um personagem entrava em ação: o Tom Mix, ou o Xerife.. Era um homem de idade avançada e transparecia bem em seu semblante as marcas da vida, seu rosto era fino e cheio de rugas. Perambulava pelas ruas do centro fechando as portas das casas e advertindo seus moradores sobre possíveis roubos, pois era difícil de prender os ladrões. Era uma pessoa fácil de se identificar. Tom Mix ou Xerife, usava um chapéu de Cowboy, terno preto com listas finas brancas e levava sempre no peito uma grande estrela de Xerife!
Como o Bombalá e o Macaxeira, o Xerife era, também, uma pessoa que não agredia a ninguém e todos esses cidadãos eram queridos e estimados pelas crianças, volta e meia o Tom Mix entrava nas brincadeiras infantis de bang-bang sempre na condição de Xerife. Ah! Ia me esquecendo! O Xerife era apaixonado pelo Roy Rogers e seu maior sonho era ter um cavalo branco igual ao do Cowboy. No meio das brincadeiras infantis, seu pesado semblante se modificava e via-se nele só doçura e ternura misturada à felicidade infantil! Alguns pais quando viajavam, principalmente para os Estados Unidos, traziam para ele estrelas de Xerife ou revólveres semelhantes àqueles dos atores dos filmes de Hollywood! Tom Mix saia diariamente portando estrelas de diferentes formas e tamanhos no peito e estava sempre impecável com seu paletó de listas finas sobre o colete e, é claro, com cartucheiras e revólveres de brinquedo, cada um mais bonito que o outro, tudo presente que recebia
daqueles que lhes afagava o ego!
Nas ruas da minha infância.
Paulo Monte *
* Paulo Monte é filósofo, com mestrado em Antropologia e professor da UFAM.

MARIO YPIRANGA MONTEIRO



ARTIGO
ÍNDIO, MEU IRMÃO.
Índio, meu irmão, aonde vais tu, todo paramentado, aiapá nos tornozelos, cueio de penas, caintar de penas de arara, aos ombros o adereço de estolica, iaticá, muirapara, o caboco com água para as grandes jornadas?
Que pretendes, meu irmão, nessa caminhada incerta?
Não percebeste que te querem envolver numa farsa, numa comédia bufa que só interessa a mais uma em que foram férteis os portugueses? Nunca existiu descobrimento do Brasil.
Jamais existiu um almirante chamado Pedro Álvares Cabral.
Existiu, isso sim, um simplório que comandou certa frota que pairou em frente ao litoral do Brasil e "descobriu" uma ilha excelente terra aguada. Esse foi um capitão de nome Pedro Álvares de Gouveia.
É a esse, que não descobriu coisa alguma, pois o continente sul já estava descoberto desde 1492 anos, pelo grande nauta Cristóvão Colombo, que os medíocres contadores de rodelas querem atribuir o mérito de navegador, que cabe somente, com razões, a um Vasco da Gama, em outras circunstâncias.
Índio, meu irmão, volta para a tua humilde choupana, a velar a alma de milhares de teus maiores sacrificados pela soldadesca e pela igreja cristã, em mais de duzentos anos de colonização nefasta, estéril, improdutiva, que nada deixou na tua terra que valesse a pena ser relembrada.
Índio, meu irmão, esqueceste o rastro de sangue deixado pela passagem de uma horda de degredados, cristão-novos, apedeutas, preguiçosos, cruéis?
Olha para trás: aquele fumaceiro que vês é a destruição de trezentas aldeias dos índios do rio dos Urubus; o sangue que vês correr rio abaixo é o de setecentos mortos; os gemidos e gritos são de quatrocentos escravos levados para Belém e províncias do Nordeste. Ouves mais? São os índios Muhras do rio Japurá, massacrados pelos portugueses numa guerra injusta, que não tiveram coragem de sustentar, mandando na frente os aliados Mundurucus. Queres mais? São os nobres índios Manau, destruídos totalmente porque não quiseram dobrar os joelhos diante da espada e do crucifixo do ádvena intruso.
Índio, meu irmão, esqueceste Aiuricáua preferindo morrer, numa grandiosa imolação de si mesmo, a ser enforcado em Belém ou Lisboa, para gáudio daqueles que ousavam levantar o crucifixo durante as chacinas.
Índio, meu irmão: onde está a tua dignidade? Onde estão teus valores, tua independência, tua coragem, o eco vitorioso de tuas batalhas contra o reinóis?
Índio, meu irmão: Portugal e o Vaticano não pediram perdão ao governo brasileiro pelas carnificinas praticadas em nome de um Estado que se dizia progressista, mas comprava penicos à Holanda; e de uma Religião que se dizia cristã mas aprovava a escravidão legal, praticando-a em nome de Jesus Cristo!
Índio, meu irmão: volta para a tua querência, não participes de uma farsa, não ajudes a tripudiar sobre os cadáveres de milhares de seres que tiveram por culpa única haverem nascido neste belo país!
Volta, meu irmão, volta, o caminho está maculado de sangue, os gemidos e gritos dos infelizes mortos e escravizados estão percutindo no tempo desta farsa que se chamou colonização portuguesa do Brasil. Os maus brasileiros querem submeter- te a uma humilhação, levando-te a aclamar o teu carrasco, bater palmas aos emprenhadores de donzelas, aos violentadores de lares, aos assassinos de crianças, aos pombeiros gananciosos que esvaziaram o rio Negro e afluente das suas melhores e mais populosas Humanidades!
Mario Ypiranga Monteiro*
* Artigo inédito, in memoriam. Escrito durante as comemorações dos 500 anos do descobrimento
do Brasil. O autor era historiados, folclorista e tem mais de uma centena de livros publicados.

GOVERNADOR EDUARDO RIBEIRO


sábado, 6 de setembro de 2008

POETATU - ANTOLOGIA POÉTICA - O RETORNO -

LUIZ BACELLAR

O POETA VESTE-SE


Com seu paletó de brumas
E suas calças de pedra,
Vai o poeta.

E sobre a cambria fina
Da camisa de neblina,
O arco-íris em gravata
Vai atado em nó singelo.

(um plátano, sobre a prata
da água tranqüila do lago,
se debruça só por vê-lo).

Ele leva sobre os ombros
A cachoeira do lago
(cachecol à moda russa)
Levemente debruada
De um fino raio de sol.

Vai o poeta
a caminhar pelas serras.

(pelos montes friorentes
Mal se espreguiça a manhã)

Com seu pull-over de musgo
(feito com lã das colinas)

Com seus sapatos de musgo
(camurça verde dos muros)

Com seu chapéu de abas larga
(grande cumulus escuro)

Mas algo ainda lhe falta
Para a elegância completa:

Súbito, pára, se curva,
num gesto sóbrio e perfeito,

um breve floco de nuvens
colhe e prende na lapela.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ELEVAÇÃO DO AMAZONAS À CATEGORIA DE PROVINCIA

Para entendermos melhor a significação histórica da elevação do Amazonas à Categoria de Província, empresto o artigo do Ozorio Fonseca. Conversei com vários colegas sobre o tema, a grande maioria não tem a menor idéia do porquê do feriado; alguns somentem lembram da provincia, quando querem se referir com desprezo ao nosso povo "Manaus ainda não passa de uma provincia"

Um pouco de históriaPor Ozorio Fonseca* em 06/09/2007
No dia 5 de setembro comemora-se a elevação do Amazonas à Categoria de Província, um episódio resultante de longa luta em defesa de nossa autonomia política, pois éramos subordinados ao Pará e nos tornamos independentes nesse dia no ano de 1850. A história geológica da Amazônia tem seus primórdios geológicos situados há cerca de 4 bilhões de anos, mas os primeiros humanos só chegaram por aqui entre 11 e 13 mil anos atrás, segundo revelam vestígios antropológicos.A história melhor documentada começa com a chegada da missão portuguesa comandada por Francisco da Mota Falcão que, em 1699, aportou o Lugar da Barra e aqui construiu a Fortaleza de São José do Rio Negro, cujo local está marcado por uma placa colocada pelo governador Arthur Reis no antigo prédio do Tesouro do Estado, na região do porto de Manaus.Novos passos
Em torno desse forte foram se aglomerando as tribos barés, banibas e passes, mas a convivência pacífica não se estendeu aos caboriocenas, caraíbas e manaús (manaós) que não aceitaram a presença do homem branco e com eles travaram duras batalhas. A animosidade só diminuiu com a chegada do sargento Guilherme Valente um personagem misto de realidade e fantasia que melhorou a convivência e ainda casou com a índia Marari, dando início à miscigenação que deu origem à figura do caboclo, tipo especial da etnia amazônica.Essa paz relativa (lembrar Ajuricaba) permitiu o aumento do número de famílias ao redor do forte, formando o primeiro povoado do Lugar da Barra do Rio Negro, logo denominado de Vila da Barra, primórdio da cidade de Manaus.A ausência de ouro e pedras preciosas levou Portugal a abandonar a região durante muitos anos até que, sob o risco da invasão espanhola pelo oeste e norte, o reino português enviou missões compostas por militares e religiosos, para fixar o domínio territorial e cristianizar os silvícolas. Uma dessas missões formada por carmelitas fundou, no médio rio Negro, em 1728, a missão Mariuá para ser base operacional da comissão demarcadora dos limites do Tratado de Madrid.A CapitaniaAlguns anos depois, em 1755, D. José I criou a Capitania de São José do Rio Negro, raiz do Estado do Amazonas, cuja sede foi instalada por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, na missão de Mariuá (nome indígena), que ele elevou à categoria de Vila mudando o nome para Barcelos (nome luzitano). Em 1791 o governador Lobo d’Almada transferiu a sede do governo para o Lugar da Barra, mas em 1799, reinstalou a Capitania em Barcelos cumprindo determinações de uma Carta Régia de 1788. A morte de Lobo d’Almada resultou na formação de uma Junta Provisória que fez a transferência definitiva da sede da Capitania para o Lugar da Barra em 29 de março de 1808.A Província e o EstadoO responsável pelo primeiro surto econômico foi Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, que começou a explotação de espécies biológicas no ciclo conhecido como das especiarias e drogas do sertão, que durou até o final do século 19 quando começou o áureo período da borracha.E foi essa economia alicerçada nos produtos naturais (além da pressão política) que levou D. Pedro II a reconhecer a importância da região e elevar a Capitania à categoria de Província em 5 de setembro de 1850, nomeando, em 1851, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha como primeiro governador.Naquele ano a população do Lugar da Barra foi estimada em 45.000 habitantes, 7,5 vezes maior do que em 1850, ano em que foi criada a Província do Amazonas, cuja capital foi definida como Manaus, em 1856, por decisão da Assembléia Legislativa Provincial. Em 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, a Província do Amazonas passou à condição de Estado conservando Manaus como sua capital.Resolvi resumir (muito) nossa história para contrapor as bobagens ditas por autoridades civis, militares, professores e alunos entrevistados pela mídia durante as comemorações do último dia 5 de setembro.Foi desesperador assistir a agonia da educação de nossos jovens, revelada em meio às festividades alegóricas da nossa data maior. É preciso mudar esse rumo e minha primeira sugestão para as autoridades educacionais e professores é que leiam, com atenção, os livros de história do Amazonas entre os quais os de Antonio José Souto Loureiro, Artur Cezar Ferreira Reis, Etelvina Garcia, Marcio Souza, Mario Ypiranga Monteiro, entre outros. A regra é: Primeiro estudar, depois ensinar. Esse artigo é de responsabilidade do autor. Não reflete a opinião do Portal Amazônia ou do grupo Rede Amazônica. Opiniões devem ser envidas a
ozorio@netium.com.br

OITENTA ANOS DO POETA LUIZ BACELLAR




Hoje é dia de festa na Vila da Barra, atual Manaus; comemora-se os oitenta anos do poeta Luiz Bacellar. Segundo Tenório Teles “O poeta Luiz Bacellar é um dos autores mais singulares da poesia brasileira. Sua obra tem como referencia o mundo amazônico, mas o universaliza pela qualidade estética e pela maneira original de abordar os temas regionais”.

Biografia

Luiz Bacellar é um dos escritores mais significativos da literatura que se produz no Amazonas. Nascido em Manaus, no dia 4 de setembro de 1928, o poeta viveu sua infância numa época marcada pela crise econômica que se seguiu ao fausto do "ciclo da borracha". Sua obra é perpassada por elementos de forte componente erudito, ao mesmo tempo em que retrata temas e motivos da cultura popular, do folclore, em particular as vivências de sua infância no bairro dos Tocos, hoje Aparecida.
O universo poético retratado por Bacellar, sobretudo em Frauta de Barro, constrói-se sobre o plano da memória. Tece seus versos com os fios das lembranças, reminiscências de seu mundo infantil. Constrói um mapa esmaecido de uma cidade corroída pelo tempo e pelas transformações econômicas – Manaus. Não a que conhecemos hoje, surgida sob as determinações da Zona Franca, mas a Manaus provinciana da segunda metade do século que se encerra.
Estudou no Colégio São Bento, em São Paulo, onde completou seus estudos. Aperfeiçoando-se posteriormente, no Rio de Janeiro, em Pesquisa Social, Antropologia e Museologia, realizando parte de seus estudos sob a orientação do saudoso professor e estudioso da cultura brasileira Darcy Ribeiro. A música é outro componente importante de sua produção poética. Parte significativa de seus textos são plasmados por intensa musicalidade.
Foi professor de Literatura e Língua Portuguesa no Colégio Estadual D. Pedro II, pólo aglutinador, nos anos 50 e 60, da jovem intelectualidade de Manaus. Destacou-se no processo de renovação da literatura regional, participando da movimentação que culminou na fundação do Clube da Madrugada, em 1954.
Exerceu o jornalismo, atuando em diversos órgão de comunicação de Manaus. No plano institucional, foi conselheiro de cultura do Estado do Amazonas em diversas oportunidades. A vida literária do poeta Luiz Bacellar teve um começo feliz: conquistou, em 1959, o prêmio "Olavo Bilac", da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, com aquele que seria seu livro de estréia, Frauta de barro, publicado em 1963.
Remetente:
Aníbal Beça


Haicai

Perdido na grama o grilo responde ao canto do pássaro.
O brilho do salto do peixe na cascata lâmina de prata.


Balada das 13 Casas


São 13 casas unidas, são 13 casas nascidas no mesmo lance de rua, com as mesmas paredes-meias, os mesmos oitões de taipa, a mesma fachada nua e as mesmas janelas tristes de 13 casas na rua.
Unidas? Bem... desunidas nos problemas dos que habitam suas paredes estanques; mas juntas, pelo beiral, pelos caibros de itaúba, pelas telhas de canal de 13 casas na rua.
E as famílias que moravam (ainda algumas demoram) nos tempos do berimbau? Lembro: Cabelo-de-Fogo, família Boca-Medonha, a família Macaxeira e a família Bacurau das 13 casas da rua.
Das 13 só restam 11: 2 foram demolidas pra dar lugar a um convento de padres redentoristas que, não contentes com isso, de Tocos para Aparecida mudaram o nome do bairro das 13 casas da rua.
Numa delas eu vivi, numa outra me criei, e talvez venha a morrer; quanto às outras, pelos donos foram sendo reformadas, gente próspera e "elegante" como atestam as fachadas das 13 casas da rua.
Apenas esta onde moro de casa velha coroca conservou a identidade ainda usa arandelas, calhas, tabiques, escápulas, com manias e pirraças de quem "viveu" outra idade das 13 casas da rua.
Senhora Dona Donana (Anna Henriqueta da Cunha), ex-dona do quarteirão irmão no estilo e argamassa, a vós dedico e consagro esta balada sem graça em memória das antigas fachadas, já derrubadas, das 13 casas da rua.



(poema extraído do livro "Frauta de Barro", 1963)








segunda-feira, 1 de setembro de 2008

AMAZÔNIA TERRA SAGRADA




Terra Sagrada
Um mar infinito
Na verde imensidão
Amazônia guerreira
Encanto da natureza
Pérola que Deus criou
Fauna, flora, grandes rios
Preservar é o desafio
Herança dos meus ancestrais
Essa terra
Esse chão
Hóstia de fé e união

Que a mão do índio preservou
Árvores são velas profanas
Queimando a Terra Santa
Amazônia Terra Santa
As tribos clamam em oração
O que plantam e o que colhem
Nesse chão
O pão nosso de cada dia
Agradeço a água pura
Benta que banha os rios
Pai rogai por nós em proteção
Pela Amazônia, Terra Santa

Templário divinal
Sagrada natureza mãe
Onde o canto dos pássaros é mais
bonito
Onde a fauna e flora
Vivem em comunhão

Todas as tribos pela preservação
Rito de fé
Paz e união.
(Ronaldo Bazi, Mauro Souza e Wenderson Figueiredo – CD Caprichoso 200